Eloy Room, um dos heróis de Curaçao, fala sobre a vaga na Copa do Mundo 2026 em entrevista exclusiva
Formada totalmente por jogadores que nasceram na Holanda, a seleção de Curaçao alcançou um feito inédito para 2026: disputar a sua primeira Copa do Mundo. O goleiro Eloy Room é um destes atletas, que poderia ter escolhido defendido as cores da Holanda, mas se tornou um verdadeiro herói na ilha caribenha que comporta cerca de 160 mil habitantes.
Nascido na Holanda, Eloy Room caminhava para ser mais um integrante da boa safra de goleiros da Laranja Mecânica, uma vez que cresceu jogando pelas categorias de base do país. Seus laços com Curaçao, porém, sempre foram fortes, uma vez que seu pai e parte da família são de lá.
Do sonho à realidade: Como Curaçao chegou à Copa do Mundo
Com dupla nacionalidade, Eloy optou em seguir sua carreira profissional por Curaçao. Ele já soma uma década frente às balizas da seleção, e foi peça-chave no elenco que conseguiu a classificação inédita para a Copa do Mundo de 2026.
Em entrevista exclusiva ao 365Scores, o goleiro, que está sem clube desde o ano passado, quando deixou o Cercle Brugge, da Bélgica, analisou a importância de um torneio do porte da Copa do Mundo para um país que sequer tem o futebol como esporte principal e também para ele, que está sem clube há um ano.
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Raio-X: Curaçao na Copa 2026
- População: Aprox. 160 mil habitantes (Recorde histórico em Copas)
- Destaque: Eloy Room (Goleiro)
- Curiosidade: Grande parte do elenco nasceu na Holanda e optou pela dupla nacionalidade.
- Campanha: Beneficiada pela classificação direta das sedes (EUA, México, Canadá).
Leia a entrevista com Eloy Room
Por que você escolheu Curaçao ao invés da Holanda?
“Eu joguei pelas categorias de base da Holanda até ficar mais velho. Mas eu sabia da opção de jogar por Curaçao porque meu pai é de lá, então tenho dupla nacionalidade. Sempre tive uma boa conexão com a ilha e o sonho de jogar por Curaçao.
Quando a chance veio, não tive dúvidas. Sempre sonhei em jogar a Copa do Mundo por Curaçao, foi um sonho de infância. Então esse foi um dos motivos. Foi uma longa jornada, ninguém acreditava na gente. Tínhamos um plano, um objetivo e no final deu certo.”
Qual foi a sensação de se classificar para a Copa do Mundo?
“Foi inacreditável. Foi um sonho não só para mim e o time, como também para toda a ilha. Somos uma ilha pequena e chegar na Copa do Mundo é a maior conquista que podemos ter. Eu sabia que podíamos conseguir, mas sabia também que era uma longa estrada.
Eu já jogo pela seleção há 10 anos, foram muitas batalhas. Mas no fim, conseguimos. Tudo se alinhou e deu certo.”
Qual foi o momento em que vocês perceberam que não era mais um sonho e sim uma realidade?
“Acho que sempre acreditamos, mas tudo começou quando nos classificamos para a Copa Ouro da Concacaf. Já disputamos três torneios desse, que é grande no continente. Depois disso, conseguimos bons resultados contra adversários qualificados.
Começou o ciclo da Copa do Mundo e sabíamos que seria na América. México, Estados Unidos e Canadá já estavam classificados, então eles estariam fora das Eliminatórias, o que nos colocou em situação mais favorável para se classificar.
Porque nós sempre jogávamos as Eliminatórias e terminava com esses times se classificando. Era difícil, esses países são muito fortes. Mas sem eles, foi um bônus extra pra nós. Ainda foi difícil, mas tínhamos chances maiores.”
Qual a importância de um país como Curaçao jogar a Copa do Mundo?
“Vai ajudar muito no país como um todo. Muitas pessoas sequer conheciam o país, então vai ajudar no desenvolvimento da ilha, turismo e também a confiança dos jovens e crianças. Existem muitos talentos na ilha, especialmente no beisebol, que é muito popular em Curaçao.
Acho que por conta disso (vaga na Copa do Mundo), muitas crianças vão querer jogar futebol. Para o futuro dos esportes em Curaçao é ótimo. E também para as pessoas, que são muito orgulhosas e adoram esportes. Vai ser um impulso e tanto para a ilha.”

Também vai ser uma grande oportunidade para você, né? Que está em busca de um clube novo.
“Com certeza! A Copa do Mundo é o maior palco para se jogar. Agora que nos classificamos, vai ser um impulso para todos, especialmente para mim que ainda não tenho um clube. Estou negociando com um clube, que é algo positivo. A Copa do Mundo é um grande palco e teremos muitos olhos em nós e isso ajuda na sua carreira.”
Pode falar qual é o clube?
“Ainda não (risos), temos que esperar oficializar. Queria dizer, mas está caminhando bem e vai ser legal. Mas não posso falar ainda.”
Quais as expectativas de Curaçao para a Copa?
“Ficamos felizes de chegar até lá, mas queremos performar também. Não queremos apenas chegar na Copa do Mundo e não performar mais. Sabemos que será difícil, temos que esperar o sorteio para saber quem vamos enfrentar. Isso é o mais importante.
Espero que seja um país grande, como Brasil, Portugal… não sei, algum país grande. Será difícil contra países grandes, mas sei que nosso grupo é bom, temos bons jogadores. Alguns bons jogadores também podem optar por jogar por Curaçao ainda. Também somos um time chato para se derrotar. Não concedemos muitos gols, então isso é outra coisa boa, vai nos ajudar. Acho que podemos competir com diversos países.”
Tem algum país que vocês querem enfrentar em específico?
“Muitas vezes ouvimos que seria incrível estar no mesmo grupo da Holanda, por exemplo. Basicamente nós nascemos na Holanda, eu ainda moro lá, seria especial. Mas, para mim, não importa muito. É especial jogar uma Copa do Mundo de qualquer jeito. Eu, como jogador, gostaria de jogar contra os melhores países, como o Brasil, por exemplo. Por que não? Seria demais.”
Você, como goleiro, vai ter um desafio de qualquer jeito na Copa do Mundo. Tem algum jogador específico que quer enfrentar?
“Eu já joguei contra a Argentina e o Messi. Vai ser difícil de qualquer forma. Óbvio que queremos jogar contra jogadores grandes. Brasil tem grandes jogadores, França, Portugal… queremos jogar e competir contra os maiores. Mas eu não tenho um específico.”
Crescendo na Holanda, quem foi seu ídolo no futebol?
“É uma história engraçada. Claro que eu admirava o Edwin Van Der Sar porque eu cresci na Holanda e ele foi um dos maiores goleiros da história. Também enquanto eu estava crescendo, ele atuava pelo Ajax, então eu gostava muito dele.
Mas eu era muito fã do Dida, goleiro do Brasil e que jogava pelo Milan. Eu sempre gostei do estilo de jogo dele, era um exemplo para mim. Ele não é um goleiro holandês, mas um brasileiro excelente. Ele também foi uma lenda do Milan, e eu também sou um fã do Milan. Mas o Van Der Sar foi um dos primeiros que me brilhou os olhos.
Além do Dida, tem algum brasileiro que você admira?
“Com certeza! Acho que gosto de todos os jogadores lendários. Tem o Ronaldinho, claro. Neymar também, espero que ele esteja na Copa do Mundo. Ronaldo (Fenômeno). O Brasil tem jogadores incríveis, então espero jogar contra uma seleção desse tipo. Mas eu diria que Neymar é um dos meus favoritos.”
Qual foi a campanha de Curaçao rumo à Copa do Mundo?
1ª fase das Eliminatórias da Concacaf
- Curaçao 4 x 1 Barbados
- Aruba 0 x 2 Curaçao
- Curaçao 4 x 0 Santa Lucia
- Haiti 1 x 5 Curaçao
2ª fase das Eliminatórias da Concacaf
- Trinidad e Tobago 0 x 0 Curaçao
- Curaçao 3 x 2 Bermudas
- Curaçao 2 x 0 Jamaica
- Curaçao 1 x 1 Trinidad e Tobago
- Bermudas 0 x 7 Bermudas
- Jamaica 0 x 0 Curaçao




