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Sheilla Castro revela bastidores do bicampeonato olímpico do vôlei feminino do Brasil

Sheilla Castro não é apenas sinônimo de títulos; ela é o rosto de uma geração que aprendeu a transformar crises em glória. Em um relato sincero ao “Basticast” sobre os bastidores do bicampeonato olímpico do Brasil, a ex-oposta revela que o caminho até o topo do pódio foi pavimentado por conflitos internos, momentos de “emburro” e uma maturidade conquistada na dor.

O título em Pequim 2008 é frequentemente lembrado pela perfeição técnica, mas Sheilla aponta que o diferencial era a mentalidade. O grupo vivia uma obsessão saudável pela vitória, onde o coletivo finalmente silenciou o ego.

O grupo entrou em 2008 com muita certeza que a gente ganharia. Cada uma tinha uma visão do que tinha que fazer para ser campeã olímpica. E todo mundo fazia ao extremo. (…) Os nossos treinos eram muito melhores do que as partidas que a gente fazia de tão alto que era o nível.”

Sheilla sobre o ouro olímpico em 2008

Sheilla destaca que a grandeza daquela geração foi entender que objetivos individuais existem, mas não podem sobressair. “Todas queriam ser a melhor do mundo, mas sem passar uma por cima da outra; uma puxava a outra”, completou.

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O conflito com Zé Roberto e o “pior ano” de 2007

Nem tudo foi harmonia. Antes do ouro de 2008, a Seleção viveu um 2007 tenebroso. Sheilla abre o jogo sobre sua relação com o técnico Zé Roberto Guimarães e como questões pessoais afetaram seu desempenho.

Aos 24 anos, lidando com o primeiro AVC de sua avó, Sheilla admite que a imaturidade tomou conta: “Eu tinha 24 anos, não concordava com o Zé em algumas atitudes. E aí ao invés de sentar para conversar, eu emburrei. Passei a temporada emburrada com ele. Não falava com o Zé, não dava bom dia, ele ia fazer preleção e eu não olhava para ele. Coisa tão infantil”.

Esse clima pesado refletiu no desempenho da equipe. Segundo a atleta, 2007 foi o pior ano da Seleção, com jogadoras enfrentando quadros de depressão e burnout, culminando em derrotas dolorosas um ano antes da Olimpíada.

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Londres 2012: A ressurreição no “fundo do poço”

Se em 2008 o grupo estava unido, em Londres 2012 o início foi um desastre. O Brasil estava à beira da eliminação precoce, com o elenco e a comissão técnica desconectados.

O ponto de virada

O momento em que o “ouro impossível” começou a ser desenhado não foi na quadra, mas dentro de um quarto na Vila Olímpica e em uma reunião de lavagem de roupa suja.

“Quando a gente volta para a Vila [após a derrota para a Coreia], eu, Fabi e Fabizinha ficamos juntas conversando no quarto, tentando entender o que poderia ser diferente, muito tristes, já quase desclassificadas. Aí depois disso, a Fabi vai conversar com o Zé, e a gente tinha alguns pontos que achávamos que podia ser diferente”, explicou.

“Eles têm essa conversa, e depois o Zé marca uma reunião e começa a enumerar as qualidades individuais de cada atleta, aí a gente se abraça, e ali muda a energia e todo mundo se dá a mão. A sensação que eu tinha é que se a gente perdesse, a comissão não estava no mesmo barco que a gente, ia afundar a gente. Foi o ponto de virada”, completou.

A atleta reflete que a cobrança de Zé Roberto havia se tornado excessiva e que o grupo, sem a maturidade de líderes antigas como Fofão, acabou se perdendo. Foi necessário bater no fundo do poço para que a conexão fosse restabelecida.

Confira a fala de Sheilla:

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Lucas Pires

Jornalista graduado pela ESPM do Rio de Janeiro que, além de compartilhar histórias, gosta de mostrar o lado curioso delas. Editor com redação voltada para esportes americanos, lutas e futebol como um todo.

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