Incêndio no CT do Flamengo: famílias protestam após absolvição de réus
A absolvição dos réus envolvidos na tragédia do Ninho do Urubu gerou insatisfação nas famílias dos 10 garotos que foram vítimas do acidente. Em nota divulgada pelo “ge”, a Associação dos Familiares de Vítimas do Incêndio do Ninho do Urubu (Afavinu) se pronunciou depois da sentença proferida pela 36ª Vara Criminal na terça-feira.
A associação reúne mães, pais, irmãos e demais familiares dos garotos que foram vítimas do incêndio de seis anos atrás no CT do Flamengo. O manifesto enfatiza o “profundo e irrevogável protesto” com a decisão tomada.
“Entendemos que o papel da Justiça não se limita à aplicação da lei em casos individuais, mas exerce uma função pedagógica essencial na prevenção de novos episódios semelhantes, no envio de mensagem clara à sociedade de que negligências de segurança, falhas na estrutura técnica e irresponsabilidades não serão toleradas “, diz parte da nota.
O comunicado ainda reforça que absolvição dos envolvidos renova o sentimento de impunidade e fragiliza o mecanismo de proteção à vida e segurança dos menores em entidades esportivas. O grupo reitera que vai continuar em busca de justiça.
“A vida dos nossos filhos tem um valor irreparável e em memória aos 10 garotos inocentes lutaremos, até o fim, por uma Justiça efetiva e capaz de inibir novos delitos com sentenças que protegem as vítimas e não os algozes”, afirma.
Leia a nota completa na íntegra
“A Associação dos Familiares de Vítimas do Incêndio do Ninho do Urubu (Afavinu), que congrega mães, pais, irmãos e demais familiares das dez vítimas fatais da tragédia ocorrida em 8 de fevereiro de 2019 no alojamento da base do Flamengo, manifesta seu profundo e irrevogável protesto diante da decisão proferida pela 36ª Vara Criminal da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro, que absolveu em primeira instância todos os sete acusados no processo criminal resultante dessa tragédia.
Entendemos que o papel da Justiça não se limita à aplicação da lei em casos individuais, mas exerce uma função pedagógica essencial na prevenção de novos episódios semelhantes, no envio de mensagem clara à sociedade de que negligências de segurança, falhas na estrutura técnica e irresponsabilidades não serão toleradas — e não cumprir essa função configura, para nós, grave afronta à memória das vítimas e ao sentimento de toda a sociedade.
Relembremos que os jovens falecidos — adolescentes em formação, atletas da base — dormiam em contêineres improvisados, sem alvará adequado, com indícios de falha elétrica, grades de janelas que dificultavam a saída, entre outras condições de insegurança.
A absolvição dos acusados, sob o argumento de que não se conseguiu individualizar condutas técnicas ou provar nexo causal penalmente relevante, renova em nós o sentimento de impunidade e fragiliza o mecanismo de proteção à vida e à segurança dos menores em entidades esportivas, formativas ou assistenciais no país.
A AFAVINU seguirá em busca de Justiça e na esperança de que a decisão seja revista e assim reitera seu pedido de que o processo seja acompanhado com rigor pelos órgãos de recurso para que a sociedade receba a mensagem de que tais condutas não ficarão impunes.
Entenda a absolvição
Seis anos após o incêndio que matou dez jogadores das categorias de base no Ninho do Urubu, CT do Flamengo, a Justiça absolveu os sete réus acusados. O processo estava em trâmite na 36ª Vara Criminal. A informação foi divulgada inicialmente pelo jornalista Venê Casagrande.
No início do ano, em 5 de fevereiro, o juiz Tiago Fernandes de Barros acatou pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro e retirou Eduardo Bandeira, ex-presidente do Flamengo, da lista de réus. No entendimento do MP, o caso prescreveu por conta da idade do dirigente.
As penas máximas dos dois artigos do Código Penal usados no caso são de quatro (art. 250 — incêndio culposo) e três anos (art. 258 — lesão corporal) de reclusão. A prescrição é de oito anos, desde que o acusado tenha mais de 21 anos e menos de 70.
Os réus acusados eram Márcio Garotti (diretor financeiro do Rubro-Negro entre 2017 e 2020), Marcelo Maia de Sá (diretor adjunto de patrimônio), Danilo Duarte, Fabio Hilario da Silva e Weslley Gimenes (engenheiros responsáveis pelos contêineres), Claudia Pereira Rodrigues (responsável pela assinatura dos contratos da NHJ), e Edson Colman (sócio da Colman Refrigeração, que realizava manutenção nos aparelhos de ar condicionado).
Flamengo fez acordos com famílias das vítimas
O Flamengo acertou 11 acordos com os familiares dos jogadores mortos. O último deles foi firmado em fevereiro, com a família de Christian Esmério, que tinha acionado o clube na Justiça. Em fevereiro do ano passado, o clube tinha sido condenado a pagar cerca de R$ 3 milhões aos pais do jogador e ao irmão dele.
Vítimas do incêndio no Ninho do Urubu
- Athila Paixão, de 14 anos
- Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, 14 anos
- Bernardo Pisetta, 14 anos
- Christian Esmério, 15 anos
- Gedson Santos, 14 anos
- Jorge Eduardo Santos, 15 anos
- Pablo Henrique da Silva Matos, 14 anos
- Rykelmo de Souza Vianna, 16 anos
- Samuel Thomas Rosa, 15 anos
- Vitor Isaías, 15 anos
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