“O NBB salvou o basquete brasileiro”
Com essas palavras, o ex-ala da seleção brasileira, Alex Garcia, definiu o campeonato organizado pela Liga Brasileira de Basquete. O jogador tem mais de 20 anos de carreira, passagens pela NBA e inúmeros serviços prestados à camisa verde e amarela.
Descubra a história por trás do NBB, como a Liga Brasileira de Basquete se tornou uma das mais importantes do país contornando a crise no esporte, e os fatores que contribuíram para seu sucesso.
Origens do NBB – Da crise ao sucesso
Crise no esporte e criação da LNB
O Brasil era uma potência nos anos 50 e 60. Oscar Schmidt, um dos maiores pontuadores da história do esporte, comandou uma geração brilhante na década de 1980, que teve como auge o título do Pan de Indianápolis, em 1987, sobre os Estados Unidos. No entanto, com o passar do tempo, o basquete foi perdendo espaço e protagonismo nas grandes competições.
Em conjunto com o fraco desempenho da seleção brasileira, a confederação começou a viver momentos de crise esportiva. Com gestões retrógradas, desvios de verbas e más administrações, isso se refletiu nos clubes e no campeonato. Como resultado, a modalidade já não tinha mais prestígio e uma mudança se fazia necessária no basquete brasileiro.
O ídolo Oscar Schimdt foi essencial para a revolução do principal campeonato do país. O “Mão Santa”, como ficou conhecido”, foi o idealizador de uma liga independente em 2005 e, apesar de não ter dado certo, foi um importante passo para a união dos clubes e a criação da LNB.
Em 1º de agosto de 2008, foi lançada a Liga Nacional de Basquete (LNB), reunindo as principais lideranças e os mais representativos clubes do basquete brasileiro, com o objetivo de reconduzir o esporte ao posto de segundo mais popular do Brasil, atrás apenas do futebol.
Criada por 20 clubes fundadores, a liga é inspirada nos moldes da NBA, baseando-se no que há de mais moderno e bem-sucedido no conceito de gestão esportiva no mundo, e traz ao país a ideia consagrada do modelo norte-americano: uma liga independente, gerida pelos próprios clubes..
É reconhecida pela FIBA (a Federação Internacional de Basquete) como a liga de basquete do Brasil. O basquete é um dos esportes mais populares do Brasil, sendo que a seleção já foi uma das principais da modalidade.
Ao contrário de ligas anteriormente criadas, como a NLB e a ACBB, a Liga Nacional de Basquete tem a chancela da CBB, que a partir de então passa a cuidar apenas das seleções principais e de base. É uma liga organizada pelos próprios clubes e federações, em uma parceria com a Rede Globo.[1]
Surgimento do Novo Basquete Brasil
O Novo Basquete Brasil (NBB) foi criado Liga Nacional de Basquete (LNB), e se tornou a principal competição organizada, substituindo o Campeonato Nacional de Basquete a partir de 2009. Até 2019, haviam sido organizadas 11 edições da liga, sendo o Flamengo o maior campeão, com seis títulos.
Começou sendo presidida por Kouros Monadjemi. A LNB contava, na primeira temporada, com 15 clubes associados, que participam do NBB, que é chancelado pela Confederação Brasileira de Basketball (CBB), sendo reconhecido como o Campeonato Brasileiro de Basquete. Os jogos acontecem de acordo com as regras da FIBA.
A primeira edição do NBB começou no dia 28 de agosto de 2008 e terminou no dia 18 de julho de 2009, sendo disputada por 15 franquias. O campeão foi o time do Flamengo, que terminou em 1º lugar na fase de classificação, e venceu Pinheiros (quartas) e Joinville BA (semifinal) em três jogos e o Lobos Brasília em cinco jogos, na primeira final do NBB. Marcelinho Machado foi eleito o “Jogador Mais Valioso”.
A segunda temporada do NBB teve as baixas dos times de Limeira e Saldanha da Gama e a adição do ADL/Londrina. O título acabou nas mãos do vice-campeão da temporada anterior, o Lobos Brasília, que repetiu as finais da temporada anterior e levou da mesma forma que o adversário anteriormente (3-2) para ser o campeão do NBB 2009-10, mas o prêmio de “Jogador Mais Valioso” da temporada regular acabou com o mesmo da temporada anterior, Marcelinho Machado.
18 equipes e volta de times tradicionais
Foi anunciado que a temporada 2012-13 do NBB teria a participação de 18 equipes. A Supercopa Brasil de Basquete acabou se tornando uma 2ª divisão, e os finalistas Palmeiras e Mogi das Cruzes ingressaram, junto com o Basquete Cearense (primeiro representante do Nordeste no NBB) e o Suzano Basquete, à liga.
A temporada teve como campeão o time do Flamengo, que conquistou seu segundo título, também levando o “Jogador Mais Valioso” da temporada, com o ala Marquinhos.
Nas três temporadas seguintes, o Flamengo enfileirou mais três títulos ao bater o Paulistano (NBB 2013-14) e o Bauru (NBB 2014-15 e NBB 2015-16).
Na temporada 2016-17, o Bauru se tornou o primeiro time paulista a ser campeão do NBB, após vencer o Paulistano na decisão. No ano seguinte (2017-18), o Paulistano conquistou o título, depois de derrotar o Mogi das Cruzes. Na temporada 2019-20 o Flamengo voltou a ser campeão, derrotando o Franca na final.
Mudança no basquete nacional com o NBB: impacto mundial
Apesar de ter apenas quatro campeões diferentes – Bauru (1x), Brasília (3x), Flamengo (7x) e Paulistano (1x) -, o fortalecimento do NBB ajudou no crescimento exponencial dos clubes. Prova disto foi o protagonismo nos torneios continentais.
Na Liga Sul-Americana foram sete títulos nas últimas 10 edições. Na competição de clubes mais importante do continente, a Liga das Américas, que a partir de 2019 passou a se chamar Basketball Champions League das Américas (BCLA), Brasília (2009), Pinheiros (2013), Flamengo (2014 e 2021) e Bauru (2015), se sagraram campeões.
Contudo, em 2014, o basquete brasileiro elevou seu nível para outro patamar. O Flamengo conquistou o título intercontinental ao vencer o campeão da Euroliga, Maccabi Tel Aviv, de Israel. Este título é considerado como o Mundial de Clubes, o ápice para as equipes do nosso país.
Esse fortalecimento dos clubes, após a criação do NBB, também se refletiu na seleção brasileira. A equipe ficou em 5º lugar nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, depois de 16 anos ausente, e em 6º lugar no Mundial da Espanha, em 2014. Os resultados mostram que o basquete brasileiro pode disputar títulos com os grandes após anos.
Parceria com a NBA
Em 2014, a LNB fechou um acordo com a NBA, maior liga esportiva do mundo. O Brasil é um dos principais mercados consumidores do basquete norte-americano e, com essa parceria, a liga trouxe toda expertise para a gestão comercial do NBB.
Além disso, houve interação entre as equipes. Em 2014, por exemplo, Flamengo viajou aos Estados Unidos para participar de jogos de pré-temporada contra equipes da NBA. O Rubro-Negro enfrentou o Orlando Magic , Phoenix Suns e Memphis Grizzlies.
Já o Bauru encarou, em 2015, o Washington Wizards e oNew York Knicks, no Madison Square Garden, templo sagrado do basquete. Em seguida, no mesmo ano, o Orlando Magic viajou até o Rio de Janeiro para enfrentar o Flamengo, pelo NBA Global Games. Um fato inédito para qualquer time brasileiro.
Principais nomes do NBB
Não é fácil definir os maiores jogadores da história do NBB. No entanto, usa-se como análise as conquistas individuais e também coletivas, além de o desempenho em quadras de cada atleta. Em 13 anos de existência, a liga se tornou uma das melhores entre todos os esportes no país e reúne grandes nomes.
Rafael Hettsheimeir
Hettsheimeir é um dos maiores jogadores da história do NBB, tendo atuado em pouco mais de 200 jogos. O pivô já jogou pelas equipes de Bauru, Franca e Flamengo. Foi selecionado quatro vezes para a seleção da competição, e, em duas oportunidades, ganhou o torneio de três pontos.
Além disso, já venceu duas vezes a maior liga do esporte no país. Hett é um jogador muito talentoso, que também teve passagens de sucesso no basquete espanhol.
Fúlvio
Fúlvio acumula mais de 300 jogos pela liga. Um dos maiores jogadores da história da NBB, o armador disputou 11 das 13 edições do campeonato. “Magic Fúlvio”, como é conhecido, é, talvez, o maior playmaker que a liga já tenha visto.
Ele liderou em diversas ocasiões o NBB em assistências, possuindo o recorde de mais passes para pontos em um único jogo, com 21. Fúlvio infelizmente nunca foi campeão do torneio.
Larry Taylor
Larry Taylor atua no Brasil desde 2008. Ele começou sua passagem jogando pelo Bauru e, depois, foi para o Mogi Das Cruzes. Em 2018 voltou ao Bauru, onde está até hoje. Taylor está no top-10 de atletas com mais pontos, rebotes e assistências na história da competição.
Mesmo sem ter ganho um título, é, sem dúvidas, um dos maiores jogadores da história do NBB. Além disso, é ídolo do Bauru, onde chegou a ter a camisa aposentada quando foi para Mogi. Com 42 anos e várias participações no Jogo das Estrelas, sua carreira está chegando ao fim e deixará saudade.
David Jackson
David Jackson tem uma grande carreira no Brasil. O ala soma passagens pelo Limeira, Vasco, Flamengo, Minas e Franca, onde está atualmente. Foi o grande MVP do torneio em 2014 e já foi eleito duas vezes o melhor estrangeiro da competição.
Nunca foi campeão do NBB, mas mesmo assim é um dos maiores jogadores da história. Jackson é um pontuador completíssimo, que sempre melhorou os times pelos quais atuou.
Olivinha
Um dos maiores jogadores da história do NBB, Olivinha disputou todas as temporadas da liga. Nessas 13 temporadas de Novo Basquete Brasil, o ala-pivô atuou pelo Pinheiros e Flamengo. Foi no Rubro-Negro carioca, onde está desde 2012, que conseguiu suas grandes conquistas.
São seis títulos do NBB, sendo eleito duas vezes MVP das Finais, e nove participações no Jogo das Estrelas. É o maior reboteiro da história da competição, com uma boa margem de diferença para o segundo colocado. Também é o atleta com mais partidas disputadas no NBB e uma verdadeira máquina de duplos-duplos.
Guilherme Giovanonni
Giovanonni se aposentou ao fim da temporada 2018-19. Ao todo, foram 10 anos jogando no NBB, onde se tornou um dos melhores jogadores da história. O ala-pivô ficou oito temporadas em Brasília. Na equipe da capital, foi tricampeão do campeonato, ganhando duas vezes o troféu de MVP das Finais.
Ainda foi o melhor jogador do NBB na temporada 2010-11, quando teve médias de 19,4 pontos e 7,7 rebotes. Depois do Brasília, jogou pelo Vasco e Corinthians. Giovanonni era um atleta extremamente habilidoso, que não só ficava dentro do garrafão, mas que conseguia espaçar a quadra e ainda tinha uma ótima visão de jogo.
Shamell
Shamell fez praticamente toda sua carreira no basquete brasileiro. Atuou em todas as 13 edições do NBB, sempre por clubes paulistas. O ala jogou pelo Limeira, Pinheiros, Mogi e São Paulo, onde está atualmente. É o maior cestinha do NBB, tendo liderado a liga em pontos duas vezes.
No entanto, nunca conseguiu ser campeão da liga, batendo na trave em duas temporadas. Shamell já foi eleito o melhor estrangeiro do Novo Basquete Brasil e foi 12 vezes ao Jogo das Estrelas, ganhando o MVP em 2009 e 2017. Aos 42 anos, ainda consegue render muito bem e é uma das principais peças do São Paulo.
Marcelinho
Marcelinho não é um dos maiores jogadores do NBB, mas da história do basquete brasileiro. O ala jogou no Flamengo de 2007 a 2018, disputando 10 edições do Novo Basquete Brasil. Foi, por quatro anos seguidos, o maior pontuador da liga. Foi eleito duas vezes MVP do NBB, sendo campeão cinco vezes da liga.
Quando envelheceu, passou a sair do banco e, na temporada 2015-16, foi o sexto homem da competição. Marcelinho também possui o recorde de pontos em um único jogo: ele fez 63 em uma partida contra o São José. O ala está marcado, para sempre, na história do NBB, como o primeiro grande jogador da liga. Seu último clube foi o Flamengo.
Marquinhos
Marquinhos jogou 12 das 13 edições do Novo Basquete Brasil: em três atuou pelo Pinheiros, enquanto nas outras nove defendeu o Flamengo. Ele é um ídolo do clube carioca. Foi com a equipe rubro-negra que o ala ganhou tudo que podia.
Marquinhos foi cestinha do NBB na temporada 2017-18 e seis vezes campeão da competição. Além disso, ganhou o prêmio de MVP três vezes. Atualmente, o ala defende o São Paulo.
Alex
Alex Garcia tem muitas razões para ser considerado o melhor jogador da história do NBB. O “Brabo”, como é conhecido, foi quatro vezes o melhor ala da competição. Jogou todas as 13 edições do Novo Basquete Brasil, passando por três equipes diferentes.
Ganhou o MVP na temporada 2014-15 e nove vezes como “Defensor do Ano”. É quatro vezes campeão do NBB, sendo três com o Brasília e um com o Bauru.
Liga de Desenvolvimento: compromisso do NBB com as categorias de base do basquete
Outro passo importante implementado pela LNB com o Ministério do Esporte, em 2011, foi a criação da Liga de Desenvolvimento de Basquete. A LDB é o principal campeonato de base da modalidade do país.
Todos os times que jogam o NBB precisam ter uma equipe na LDB, para, desse modo, ajudar a fomentar o esporte na base. O sucesso deste projeto é enorme. Mais de 50% dos atletas que disputam o Novo Basquete Brasil já passaram pela Liga de Desenvolvimento.
O que esperar do NBB nos próximos anos
Apesar de já ter se desenvolvido bastante e atraído novos fãs para o esporte, ainda há muito o que fazer. Melhorar a infraestrutura dos ginásios e oferecer uma experiência melhor aos torcedores, são questões importantes. Além disso, outro ponto que a LNB pode se atentar, é sobre o equilíbrio das equipes na competição.
Os esforços para popularizar a NBB estão gerando resultados. De acordo com uma pesquisa do Ibope/Repucom, o tempo médio de audiência da liga cresceu 25% da temporada 2017/18 para a 2018/19. E tende a aumentar com a maior participação de influenciadores digitais.
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