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Exclusiva com Ciel, vice-artilheiro da Série D aos 43 anos: “Temos que renunciar a muitas coisas para cuidar do corpo”

Do alto de seus 43 anos, o atacante Ciel, do Ferroviário, vive uma das melhores fases de sua carreira. O camisa 99 é o vice-artilheiro da Série D, com oito gols em 10 jogos, e um dos grandes nomes do clube cearense, que disputa o mata-mata a partir de sábado (2), e da competição.

Em entrevista exclusiva ao 365Scores, Ciel falou sobre a ótima fase na carreira. O atacante explicou como consegue manter o bom desempenho mesmo com uma idade já considerada avançada para um jogador.

“Para uma pessoa estar numa idade dessa e desempenhando bem em campo, com uma forma física legal, jogando 90, 180 minutos, temos que fortalecer a nossa mente. Em segundo vem o nosso corpo, e eu sou grato a Deus por ter Ele e minha família ao meu lado. E também agradecer aos companheiros, porque não é só o 99, mas o grupo todo ajuda para estarmos bem”, explicou Ciel.

“É preciso ter muito foco. Nós temos que renunciar a muitas coisas para cuidar do corpo. Além disso, precisamos de uma boa alimentação, um pilates, um trabalho acompanhado por um profissional”, complementou.

O próximo desafio de Ciel é na segunda fase da Série D. O Ferroviário enfrentará o ASA-AL, um dos 24 clubes que o atacante defendeu na sua carreira. O “99” projetou o duelo contra o time de Arapiraca, que teve a segunda melhor campanha da fase de grupos da competição.

“Fico feliz de jogar contra um ex-clube. Tenho um carinho enorme não só pelo ASA, mas por toda Arapiraca. Até hoje eu recebo muitas mensagens dos torcedores. Isso é o reconhecimento por tudo que eu fiz pelo clube. Mas hoje eu visto a camisa do Ferroviário e tenho que dar o meu melhor”.

Confira a entrevista exclusiva com Ciel

O que é preciso para você continuar performando em alto nível aos 43 anos?

Primeiro eu falo sobre o foco que a pessoa tem que ter. Buscar Jesus. E terceiro, vem o trabalho. Nós temos que renunciar a muitas coisas para cuidar do corpo. Além disso, precisamos de uma boa alimentação, um pilates, um trabalho acompanhado por um profissional. Isso ajuda muito.

Para uma pessoa estar numa idade dessa e desempenhando bem em campo, com uma forma física legal, jogando 90, 180 minutos, temos que fortalecer a nossa mente. Em segundo vem o nosso corpo, e eu sou grato a Deus por ter Ele e minha família ao meu lado. E também agradecer aos companheiros, porque não é só o 99, mas o grupo todo ajuda para estarmos bem.

Vemos hoje muitos jogadores experientes no futebol brasileiro, como Thiago Silva, Fábio e Nenê. O que acha desses jogadores atuando tão bem?

Isso cresce muito o futebol brasileiro. Eu me lembro que no passado as pessoas falavam muito “ah, passou dos 30 anos não dá mais”, “ah, tá velho”. E hoje a gente vê esses caras mais experientes jogando bem, assim como eu.

Isso inspira muitas pessoas e abre muito a mente de treinadores, empresários, clubes. Hoje, quando colocamos os meninos novos, tem uns que sabem levar e reagir com a torcida. Mas tem outros que não, que ficam acanhados, apagados do jogo. Então a experiência vai e chama a responsabilidade, orienta os mais novos.

Isso acrescenta muito, não só para o futebol brasileiro, mas o internacional também. Em Dubai, as pessoas criticavam muito que jogadores de 30, 35 anos não dava para jogar e, por isso, os clubes não vinham contratar. Hoje, tem jogadores de 37, 38 anos sendo artilheiro da liga. O olhar está diferente com esses jogadores experientes.

Qual sua expectativa para o jogo contra o ASA-AL?

Eu fico feliz de jogar contra o ex-clube. Tenho um carinho enorme não só ao ASA-AL, mas toda Arapiraca. Até hoje eu recebo muitas mensagens dos torcedores. Isso é o reconhecimento por tudo que eu fiz pelo clube. Mas hoje eu visto a camisa do Ferroviário e tenho que dar o meu melhor.

O grupo está preparado. A gente sabe que deixou a desejar em alguns jogos e que não poderíamos deixar a classificação para a última rodada.

Sabemos que vamos enfrentar um grande adversário, que tem muita qualidade e um treinador que nos conhece e que tem um trabalho muito bom, que é o Ranielle. Eles fizeram uma boa campanha na primeira fase, mas no mata-mata é diferente. Falo sempre no grupo que são detalhes que fazem a diferença no mata-mata. Não podemos descuidar um segundo.

Como você projeta o duelo contra Marcelo Toscano, artilheiro da Série D pelo ASA-AL?

Eu posso dar os parabéns a ele, um cara que sabe fazer gol, que veste a camisa de um time grande e que, nessa última rodada, fez dois gols e me ultrapassou na artilharia. Eu sou um cara que cobra sempre e falo para o grupo que não tenho vaidade. Mas tenho espírito de vitória e quero fazer gol em tudo que é partida. Seja jogo-treino, 4 contra a 4. Gol traz alegria, confiança para o jogo.

Eu fiquei fora de quatro jogos dos 14 dessa fase de grupos, e, quando eu voltei, eu falei: “Rapaz, eu vou trabalhar para buscar, primeiro, a classificação. E depois a artilharia”.

Estamos focados para nos classificarmos para a próxima fase. E, além disso, o 99 está preparado para colocar para dentro.

O que Ciel orienta para os jovens atacantes dos clubes onde passou?

Eu sempre converso com os meninos de todos os clubes que eu passo. Primeiro, vocês têm que ter uma cabeça legal e buscar Jesus Cristo. Segundo, têm que ter uma família que lhe dê o suporte. E terceiro, precisam ter foco, que buscar o gol, mas para isso vocês precisam trabalhar.

Hoje, muitos meninos, quando termina o treino, já ficam agarrados no telefone. Não querem fazer um “extra”. Eu cobro muito isso, mas com sabedoria, para não prejudicar o grupo.

Mas é sempre bom para orientar e trazer a reflexão: “Por que eu gosto do gol? Porque o gol traz confiança para o grupo e três pontos. Vocês não têm que pensar em dar chapéu, caneta, têm que pensar nas redes. Para isso, precisam trabalhar a força física e o mental”.

Os meninos brincam que “A água só corre para o mar, para quem tem”. Não é assim, é que eles não querem focar ali, no gol. Tem que olhar o espaço, analisar o jogo, visão 360º.

Não é para esperar a bola chegar para reagir. É trabalhar a mente para chegar preparado.

E aí vemos dois jogadores que trabalharam do meu lado e hoje estão na Série A. O Allanzinho, do Fortaleza, e o Erick Pulga, do Bahia. Pessoal fala que “quando eles jogam com o 99 sempre voam”. Isso porque eu sempre dou o conselho e os resultados estão aí.

Qual foi a sua experiência mais legal como jogador?

A experiência mais legal foi com o Grafite, sobre como ser um líder e conduzir um vestiário. Aprendi muito com ele em Dubai. Eu conversava muito porque eu morava perto dele, e ele me orientava muito sobre como ver e escutar primeiro e depois agir, sobre saber falar e cobrar, ouvir a diretoria e a comissão para depois ver com o jogador… e hoje eu pratico isso.

Consegue listar todos os clubes que jogou na sua carreira?

Primeiro foi o Porto de Caruaru. Depois fui para o Santa Cruz, Anapolina. Joguei em alguns clubes de Pernambuco: Limoeiro, Vitória de Santo Antão, Cabense, Belo Jardim, Salgueiro, Icasa. Joguei também no Ceará, ASA-AL, Busan I’Pak, da Coreia do Sul, e depois Portugal, no Paços de Ferreira.

Voltei ao Brasil para o América-RN e depois fui para Dubai, no Al-Ahli, Shabab e Kalba. Depois fui para Sampaio Corrêa, Tombense, Caucaia, Guarani de Sobral e o Ferroviário.

Quase gabaritou. Faltaram dois… entre eles, o Fluminense.

Ih, é, o Fluminense! E também o Corinthians, de Alagoas.

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João Pedro Cupello

Jornalista formado pela FACHA do Rio de Janeiro. Carioca, apaixonado por futebol, basquete, e tudo que envolve o mundo dos esportes!

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