LibertadoresLibertadores

Os templos da Glória Eterna: quais estádios receberam mais finais de Libertadores na história?

Se as camisas pesam, o concreto também fala. Na história da Copa Libertadores da América, certos estádios transcendem a função de arquitetura esportiva para se tornarem verdadeiros templos de peregrinação. Analisando os dados históricos, fica evidente que a “Glória Eterna” tem endereços preferidos.

O domínio do Rio da Prata (Uruguai e Argentina) é inegável no topo da lista, reflexo direto das primeiras décadas da competição, onde o regulamento muitas vezes exigia um terceiro jogo em campo neutro para decidir o campeão. Isso explica a liderança isolada do Centenário e a vice-liderança do Estádio Nacional do Chile.

Entretanto, o futebol brasileiro mostra sua força e capilaridade. Enquanto a Argentina concentra suas finais na Grande Buenos Aires (Bombonera, Monumental e Avellaneda), o Brasil espalha suas decisões entre São Paulo (Morumbis e Pacaembu), Rio de Janeiro (Maracanã) e Belo Horizonte (Mineirão), provando a dimensão continental do nosso futebol.

Ranking dos estádios que mais vezes receberam finais de Libertadores:

PosiçãoEstádioCidade/PaísNº de Finais
CentenárioMontevidéu, Uruguai 🇺🇾16
NacionalSantiago, Chile 🇨🇱10
La BomboneraBuenos Aires, Argentina 🇦🇷9
Monumental de NúñezBuenos Aires, Argentina 🇦🇷8
Libertadores de AméricaAvellaneda, Argentina 🇦🇷7
PacaembuSão Paulo, Brasil 🇧🇷6
MorumBISSão Paulo, Brasil 🇧🇷6
Defensores del ChacoAssunção, Paraguai 🇵🇾5
MineirãoBelo Horizonte, Brasil 🇧🇷5
MaracanãRio de Janeiro, Brasil 🇧🇷5

O Guardião da História: Estádio Centenário

É impossível falar de futebol sul-americano sem fazer uma reverência ao Estádio Centenário. Com 16 finais recebidas, o gigante de Montevidéu não é apenas o líder isolado desta estatística; ele é o “avô” de todos os estádios do mundo.

Construído para a primeira Copa do Mundo em 1930, o Centenário se tornou, durante décadas, o tribunal neutro da América.

Nas eras românticas da Libertadores, quando dois times empatavam nos jogos de ida e volta (e o saldo de gols não era critério de desempate), a Conmebol olhava para o Uruguai. Foi lá que o Flamengo de Zico conquistou a América em 1981 contra o Cobreloa; foi lá que batalhas épicas entre argentinos e brasileiros foram decididas longe da pressão das torcidas locais.

O Centenário carrega em suas arquibancadas o eco de Pelé, Maradona e Zico. Ele não recebe apenas jogos; ele legitima campeões. Ganhar uma Libertadores já é histórico, mas levantar a taça sob a Torre das Homenagens do Centenário é entrar para a mitologia do esporte.

Pacaembu: O Monumento Art Déco que Virou Caldeirão

Abraçado por bairros nobres e ostentando uma fachada imponente em estilo Art Déco, repousa o Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho. Não se deixe enganar pela elegância arquitetônica: quando o assunto é Libertadores, o Pacaembu sempre soube se transformar em um dos alçapões mais apaixonantes do continente.

Com 6 finais em seu currículo (1961, 1968, 1974, 2002, 2011 e 2012), o Pacaembu carrega uma característica única: ele foi a casa de “todos e de ninguém”. Foi palco de aluguel para quem precisava de capacidade, campo neutro de luxo e, finalmente, o cenário de redenções históricas.

Das Lágrimas de 2002 à Glória de Neymar

O Pacaembu é um contador de histórias de contrastes extremos. Em 2002, ele acolheu o pequeno São Caetano, a Cinderela do ABC Paulista, que chegou a uma final impensável contra o Olimpia. A taça escapou nos pênaltis sob um silêncio ensurdecedor no “Tobogã”, provando que a Libertadores pode ser cruel.

Nove anos depois, o estádio viu a história ser escrita por linhas tortas, mas douradas. O Santos, que historicamente mandava suas grandes decisões na Vila Belmiro ou no Maracanã (na Era Pelé), escolheu o Pacaembu para ver Neymar se tornar Rei da América em 2011 contra o Peñarol. Foi ali, naquele gramado, que a nova geração dos Meninos da Vila conquistou o Tri.

2012: O Fim da Maldição Corintiana

Talvez nenhum capítulo da biografia do Pacaembu seja tão intenso quanto a noite de 4 de julho de 2012. O estádio, muitas vezes chamado de “a casa do Corinthians” pela Fiel (antes da construção da Arena em Itaquera), foi o palco escolhido para exorcizar o maior fantasma do clube.

Contra o bicho-papão Boca Juniors, o Pacaembu pulsou em uma frequência diferente. Não havia espaço para o medo. Com dois gols de Emerson Sheik, o estádio tremeu para celebrar a Libertada invicta do Corinthians. Aquela noite selou a relação eterna entre o concreto do Municipal e a alma corintiana.

Renato de Alexandrino

Editor-chefe do 365Scores. Jornalista formado na PUC-RS, com mais de 30 anos de experiência em redações. Cobriu in loco as Copas do Mundo de 2010, 2014 e 2018, e as Olimpíadas de 2016. Apaixonado por futebol, surfe e NBA, entre outros esportes.

347 Articles

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo