Patrick de Paula abre o jogo sobre paralisia facial, lesão grave e Libertadores pelo Botafogo

Multicampeão no futebol brasileiro, Patrick de Paula está emprestado pelo Botafogo ao Estoril, de Portugal, até o fim da temporada europeia. O volante de 26 anos se reencontrou e vive sua primeira experiência no exterior após momentos difíceis no Alvinegro.

Nascido em Campo Grande, no Rio de Janeiro, o jogador optou por sair do país em busca de novos desafios na carreira. Em entrevista exclusiva ao 365Scores, Patrick de Paula falou da felicidade em estar no novo clube, onde soma oito jogos no Campeonato Português.

“Quando surgiu a proposta, meu estafe perguntou o que eu achava e disse para pensar. Eu tive que tomar essa decisão de vir, ter um novo desafio. Estou aqui há quatro meses, feliz, alegre. Foi o melhor para mim nesse momento.”

O calvário da lesão: 400 dias de luta

Essa felicidade, contudo, não era tão presente na passagem pelo Botafogo. Patrick de Paula passou por problemas físicos graves logo no início, em 2022. O volante foi contratado por cerca de R$ 34 milhões ao Palmeiras, na maior contratação da história do Botafogo. Esse e outros fatores pesaram para ele.

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“O Botafogo estava criando um projeto ali, você chega com um status de ‘você tem que chegar e resolver o problema’, o clube vindo da Série B. São vários fatores para uma pessoa que conquistou tudo muito rápido na vida, com 19, 20, anos, já era campeão da Libertadores. Chegar num clube que está recomeçando, que você é a cara do projeto, a maior contratação, isso pesa um pouco.”

Seis meses depois da chegada, Patrick de Paula sofreu uma paralisia de Bell, uma fraqueza facial periférica aguda e temporária, geralmente unilateral. Ele se recuperou depois de um mês e meio parado e voltou a atuar. No entanto, em fevereiro de 2023, teve uma lesão multiligamentar grave no joelho esquerdo, que o tirou dos gramados por mais de um ano.

“Não vou falar que pensei em desistir, porque eu não pensei. Quando eu tive a paralisia de Bell, fiquei triste, mas nunca pensei em desistir. Logo em seguida, tive a lesão no joelho e foi um baque para mim. Foram 400 dias parado, sem poder estar fazendo aquilo que mais amo.”

Patrick de Paula está em seu quarto clube na carreira. Além de Botafogo e Palmeiras, o jogador passou por empréstimo pelo Criciúma, no ano passado. O contrato dele com o Alvinegro é válido até o fim de 2026.

Patrick de Paula não se considerada campeão da Libertadores pelo Botafogo: “Não tenho a medalha”

Tecnicamente, Patrick de Paula é campeão da Libertadores de 2024 com o Botafogo, chegando ao seu terceiro título na competição (venceu em 2020 e 2021 com o Palmeiras). O atleta entrou em campo nos acréscimos contra o Universitario, em Lima, pela quinta rodada da fase de grupos.

No entanto, o volante não se considera campeão da Libertadores já que não recebeu a medalha. Ele disputou apenas aquele jogo e foi emprestado ao Criciúma na reta final da temporada, ficando de fora do mata-mata.

“Até hoje eu fico meio assim (se sou campeão da Libertadores). Eu entrei no jogo, participei, joguei alguns minutos, posso me considerar. Naquele momento era um grupo, e você ajuda, está treinando, se dedicando como todo mundo, tem influência em alguma coisa…” 

“Ali eu era um dos mais velhos do elenco, de estar mais tempo no clube. Eu ajudei falando, treinando, mas eu não posso te responder isso porque até hoje eu não sei se eu considero ou não, sabe?”

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“Não chegou nenhum tipo de medalha. É isso que eu falo, não posso considerar porque eu não tenho a medalha nem da Libertadores nem do Brasileiro. Eu não considero bastante, porque eu não tenho, não ganhei, não teve, não chegou nada disso para mim”, completou.

Questionado pelo 365Scores se ficou chateado com a situação, o jogador afirmou que não levou para o coração e relembrou da torcida pelos companheiros através de mensagens.

“Eu não fiquei sentido porque eu já havia conquistado, já tenho duas Libertadores. Sei do pessoal que estava ali batalhando, estava jogando, acho que por isso também que não ganhei a medalha”.

“Mas eu não fico chateado com isso, acho que poderia lembrar, mas eu não estava no clube naquele momento. Como estava fora, eu torcia bastante para acontecer, porque sei de tudo, vi de perto o que aconteceu em 2023. Queria estar ali em 2024 para ver de perto também, mas o meu coração estava ali em 2024, torcendo no grupo do WhatsApp. Quando ganhou a final, dei parabéns para todo mundo, comemorei.”

Veja outras respostas de Patrick de Paula ao 365Scores:

Escolha pelo Botafogo

“Eu escolhi o Botafogo porque eu saio muito cedo de casa, seis anos no Palmeiras, contando com a base, e quando o Botafogo veio atrás de mim, eu falei: ‘é uma boa estar agora próximo da minha família para me ver jogar’. Não me arrependo das escolhas que fiz porque sonhei com aquele momento.”

Estava preparado para chegar ao Botafogo?

“Não é questão de preparado, é questão de você saber o momento, porque eu saí do Palmeiras naquela época sendo bastante vitorioso, vinha de dois ou três anos ganhando.

Quando você sai da sua zona de conforto, tem aquele tempo de você se adaptar, de ter sequência de jogos. E quando cheguei no Botafogo, tive lesões que me atrapalharam, não tive sequência. Eu não estava esperando que ia ser assim a minha chegada, queria que fosse melhor, jogando, aproveitando.

Tive lesão do joelho, paralisia no rosto, foram muitas coisas que me entristeceram, me abalaram um pouco, fiquei bastante triste. O Botafogo estava criando um projeto ali, você chega com um status de ‘você tem que chegar e resolver o problema’, o clube vindo da Série B. São vários fatores para uma pessoa que conquistou tudo muito rápido na vida, com 19, 20, anos, já era campeão da Libertadores, já estava ganhando diversos títulos. Chegar num clube que está recomeçando, que você é a cara do projeto, a maior contratação, isso pesa um pouco.

Mas eu não me abalo com isso, aprendi bastante com esse momento, quando eu tive a paralisia no rosto, quando eu tive a lesão no joelho, foi um momento que me amadureceu, entendi que no futebol tem que ter mentalidade forte. Você vai receber críticas, elogios, pode estar lá em cima, pode estar lá embaixo… Hoje sou um homem bem mais maduro, que sabe entender mais as coisas.”

Lesão no joelho e paralisia de Bell

“Cheguei no Palmeiras com 16 para 17 anos, cheguei tarde, e logo passa dois, três, anos já é campeão da Libertadores, citado na seleção brasileira, o Brasil todo já te conhece, faz gol do título, começa a ganhar dinheiro, fama… isso tudo é pesado para uma pessoa que três anos atrás não tinha nada e, da noite para o dia já é um dos nomes mais citados no Brasil. Eu queria esse momento, mas quando chegou, pô, caraca, eu consegui, e agora? Como é que eu vou transformar isso?

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E também é difícil para um menino de 20 anos ter paralisia de Bell no rosto, é pesado. No momento, pensei diversas coisas, eu falei: ‘não é possível, tenho 20 anos’. Aí logo depois acontece uma lesão no joelho gravíssima que nenhum atleta quer ter, isso perde bastante para o mental de um atleta, ainda mais novo. Isso me atrapalhou bastante, mas não me arrependo de nada, porque eu aprendi a tirar boas lições desse momento.”

Do fundo do poço em 2023 às glórias em 2024

“Foi um ano mágico (2024) para o Botafogo, ano que tudo se encaixou, por tudo que a gente passou em 2023, do jeito que foi, como que se tornou… Chega no final de 2023, vai tudo por água abaixo, uma coisa que não passava na nossa cabeça acontecer aquilo, mas infelizmente aconteceu.

Em 2023, você passa por uma situação difícil, que tem o título quase nas suas mãos e deixa passar, e em 2024 você vai e recupera aquilo ali que você deixou passar… foi um ano que está marcado na história do clube, Brasileiro e Libertadores no mesmo ano.”

Trabalho com técnicos portugueses

“O mais tempo que eu trabalhei foi o Luis Castro. Não posso tirar uma conclusão de quem foi o melhor. Eu trabalhei com o Abel (Ferreira) bastante tempo, com o Luxemburgo. O Luis Castro foi quem eu estava jogando mais. Com o (Bruno) Lage e o Tiago Nunes, estava machucado.

Quando o Artur Jorge chega, estou voltando de lesão, em uma transição indo para o campo, então não joguei tanto. E o Renato Paiva foi esse ano que eu comecei jogando, conheci o trabalho. Cada um me acrescentou um pouco, são bons treinadores, excelentes pessoas.”

Contrato com o Botafogo

“Meu contrato com o Botafogo acaba ano que vem, não fico pensando muito nisso. Essa parte eu deixo mais para os meus empresários resolver, qual proposta que vai chegar, qual é melhor pra mim, apra onde eu posso ir… 

Não sei como é que vai ser com o Botafogo, como é que vai ser aqui no Estoril, tenho que pensar um dia de cada vez. Hoje estou focado aqui na Europa, trabalhando para desempenhar meu bom futebol. Se for para continuar aqui pela Europa, vou continuar. Se for para voltar pro Brasil, vou voltar.”

Adaptação no Estoril

“A adaptação está sendo boa, tranquila, até bem rápida. Tive bastante treinador português também, o nosso mister (escocês Ian Cathro) aqui não é português, mas fala bastante português. Ele está me dando confiança, suporte para me entrosar o mais rápido com a equipe. Estou gostando muito, o grupo é muito bom, jovem. Estou bastante feliz aqui, espero poder ajudar ainda mais.”

Diferença do Brasil para Portugal

“Minha carreira toda foi no Brasil, então óbvio que senti um pouco a diferença, por questão do Brasil ser um futebol mais rápido, mais corrido. Aqui o jogo é bem compacto, controlado, as equipes são bem compactas na hora de defender, de atacar, não tem tanto espaço no campo. É bem mais tático, mais posse de bola, mais pensado o jogo. É um futebol top, que estou me adaptando mais rápido possível, mas estou gostando bastante.”

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