Ex-Flamengo e Corinthians, Felipe fala sobre disputa da Conference League: “Luxemburgo eu só conhecia o treinador”
Em entrevista exclusiva, goleiro de 41 anos falou sobre clube onde atua no pequeno país da Europa, fase da carreira e futebol brasileiro
O goleiro Felipe, ex-Flamengo e Corinthians, vive uma experiência diferente no futebol. Em julho de 2024, o jogador acertou com o Differdange 03, de Luxemburgo. Atuando em um mercado inusitado e num clube pouco conhecido no Brasil, o goleiro de 41 anos está a um passo da fase de liga da Conference League.
Com contrato até junho de 2026, Felipe ‘Paredão’, como é conhecido no futebol brasileiro, confessou, em entrevista exclusiva ao 365Scores, que teve dúvidas em aceitar a proposta do Differdange 03.
Agora, ele avalia ter feito ‘a melhor escolha’. Antes, estava disputando a Série C do Brasileiro pelo Sampaio Corrêa.
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O futebol de Luxemburgo ainda é semiprofissional e conta com clubes com jogadores que trabalham além da vida como atleta. Apesar disso, o Differdange, atual bicampeão nacional e da Copa de Luxemburgo, está perto de um grande feito em sua história. O time encara o Drita pelos playoffs da Conference League em jogos de ida e volta, nos dias 21 e 28 de agosto.
Qual a importância de chegar tão longe e estar perto da fase de liga da Conference League?
“Está sendo um sonho para a galera. A própria imprensa local não acreditava na gente por ter feito um jogo ruim em campo e buscar o resultado fora (perdeu em casa para o Levadia, da Estônia, e venceu fora).
Fizemos um belo jogo, conseguimos a classificação, mas ainda não acabou. Eu falei para comissão, jogadores e diretoria: ‘Não adianta comemorar agora porque falta o principal‘.
Tem aquela rivalidade por ter sido eliminados na fase da Champions para eles (em julho, o Drita venceu os dois jogos contra o Differdange). Saímos com a sensação que poderíamos ter passado.
Nós conhecemos eles, eles conhecem a gente. É um momento diferente daquele, era o primeiro jogo da temporada. Podemos colocar o nome do clube na história. Aos 41 anos, conseguir entrar para história de mais um clube seria muito importante.”
Como chegou a proposta do Differdange 03?
“Foi surpresa até para mim. Tinha acabado de ser campeão estadual pelo Sampaio Corrêa, num sábado, e, no domingo, um amigo me ligou falando que tinha uma proposta de Luxemburgo. Aí falei: ‘Pô, Luxemburgo só conheço o treinador, e não tenho boas recordações dele.’
O Sampaio não vivia bom momento, dentro e fora de campo, com questões financeiras. Meu amigo falou que os caras queriam um goleiro experiente, iam jogar a pré-Champions e eram o atual campeão luxemburguês.
Pedi uns três, quatro, dias, e o diretor (do Sampaio) falou que não tinha problema. Não imaginava mais sair do Brasil, mas, sem sombra de dúvidas, foi a melhor escolha que eu fiz.”
Como é o nível dos times de Luxemburgo? É um nível parecido com o visto no Auckland City, da Copa do Mundo de Clubes?
“(Auckland City) é um pouco mais profissionalizado ainda. Aqui, não só os clubes, mas a própria federação vai ter que investir mais. Os clubes treinavam três vezes na semana, mas hoje não. Meu time praticamente treina todo dia.
Ano passado, tínhamos sete, oito, jogadores que trabalhavam, e hoje já são quatro. Estão contratando mais atletas que não trabalham, focados apenas no futebol. Vem muitos jogadores da segunda liga de Portugal.”
Imaginava jogar Champions e Conference aos 41 anos?
“Eu nem imaginava mais jogar uma competição tão importante. Estava no Brasil, não imaginava sair do Brasil para jogar fora e apareceu essa oportunidade ano passado. Vim sem saber como seria, cultura e língua diferentes…
Hoje, sem dúvidas, foi uma das melhores escolhas que eu fiz. Fomos campeões nacionais, da Copa de Luxemburgo, fiquei no top-4 de recorde de sem sofrer gols.
Essa oportunidade de jogar uma pré-Champions pesou bastante. Todo mundo sabe que nossa realidade é difícil, queríamos pelo menos passar da primeira fase, mas não conseguimos.
Imagina ir passando de fase e daqui pouco pega Betis, Fiorentina, Roma… Seria histórico para o clube e para a gente. Vamos em busca do sonho. É mais fácil o pessoal criticar: ‘A terceira divisão da Europa’. Mas não importa.”
Felipe pensa em chegar perto do recorde do Fábio?
“Fábio é um fenômeno, o que ele está fazendo hoje é uma inspiração para todo mundo, não só para os jovens, mas para os coroas também. Aos 44 anos, jogando da forma que ele está…
Sem dúvidas, nos últimos dois anos, deve ser o que mais jogou, não se machuca, não fica fora de jogo, não toma cartão e mantém regularidade impressionante. Saiu do Cruzeiro com todo mundo achando que iria encerrar a carreira e foi campeão carioca e da Libertadores sendo destaque. É uma referência.
Não sei se consigo chegar até lá, mas não fico botando meta. A ideia é estar em condições, poder treinar, jogar. Quando cheguei aqui era normal a galera me olhar e falar: ‘O cara tá com 40 anos, jogou no Flamengo e Corinthians, mas há dez anos’.
Cheguei no lugar do goleiro que era um dos capitães do time, então teve esse olhinho pro lado, mas nos primeiros treinos a galera viu que realmente eu vim para ajudar. Pretendo jogar bastante tempo enquanto o corpo aguentar, e se eu continuar jogando pelo o que estou fazendo e não pelo nome, vou continuar jogando.”
Mudando para Brasileirão: que times vê como favoritos ao título?
“Lógico, o Flamengo pelos jogadores que tem. O Mirassol, assisti contra o Flamengo, e achei um time muito bom. Para um time que está jogando a primeira divisão pela primeira vez, deve estar calando a boca de muita gente.
O Cruzeiro, apesar de estar vindo de jogos que não vence, tem um futebol bem interessante e vai brigar lá em cima. E Palmeiras e Botafogo.”
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