Ex-Cruzeiro e Bragantino, Jadsom celebra invencibilidade histórica nos Emirados Árabes
O Al-Wahda vive um momento histórico no futebol mundial: o clube dos Emirados Árabes Unidos está numa sequência de 30 partidas sem saber o que é perder. Um dos muitos fatores que contribuem para esta estatística é a presença do brasileiro Jadsom.
O volante de 24 anos, conhecido pelas suas passagens por Cruzeiro e Red Bull Bragantino, é titular incontestável do Al-Wahda e se consolidou como uma das referências táticas da equipe.
Jadsom comemorou o ótimo momento em entrevista exclusiva ao 365Scores, e revelou que tem o desejo de permanecer no Al-Wahda por mais tempo. Além disso, não descartou repetir os passos de jogadores como Erik e Caio Canedo e se naturalizar para defender a seleção dos Emirados Árabes Unidos.
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O volante ainda relembrou sua trajetória no futebol brasileiro: seu início no Cruzeiro, que na época disputava a Série B, e sua passagem de sucesso no RB Bragantino, onde disputou mais de 200 partidas.
Você foi formado nas categorias de base do Sport, mas teve as primeiras chances como profissional no Cruzeiro. O clube na época passava por um período difícil, na Série B. Como era viver o clube naquela situação e como avalia sua passagem por lá?
“Fiz toda a minha base no Sport. Em 2018, fiz parte daquele time do Sport que tinha o Léo Ortiz, o Hernanes, e que acabou sendo rebaixado para a Série B.
No ano seguinte, joguei uma partida pelo Campeonato Pernambucano, contra o América. E, no dia seguinte, fui pego de surpresa: fui vendido para o Cruzeiro.
No sub-20, logo nos primeiros seis meses, chegamos à final da Copa do Brasil contra o Palmeiras, que tinha uma geração muito forte, com Patrick de Paula e Gabriel Menino. Nós também tínhamos uma boa equipe, e foi uma grande experiência disputar aquele torneio.
Minha trajetória como profissional começou quando o Cruzeiro caiu para a Série B. Lembro que recebemos a notícia de que todo o elenco do sub-20 iria treinar com os profissionais, porque o time principal estava com poucas opções. Foi um momento delicado para o clube, mas, para a gente, que vinha da base, foi uma grande oportunidade.
O Cruzeiro não tinha o costume de subir muitos jogadores da base, então aquilo foi algo diferente. Foi uma baita experiência me profissionalizar dessa forma. Hoje vejo tudo isso como uma grande história e uma das experiências mais importantes da minha vida.”
Você reforçou o Bragantino e se tornou um dos jogadores com mais jogos pela equipe. Como enxergava o projeto do clube quando você chegou e qual sua avaliação de sua trajetória no Massa Bruta?
“Eu já acompanhava o Red Bull Bragantino por causa do Léo Ortiz, que foi meu companheiro no Sport, ainda na época em que o time estava na Série B. Naquele tempo, o clube ainda era o Bragantino, e o projeto da Red Bull estava começando — havia o Red Bull Brasil.
Tive também uma coincidência com o Thiago Scuro, com quem trabalhei na base do Cruzeiro. Pouco tempo depois da minha chegada, ele saiu para assumir esse projeto da Red Bull. Quando acabei deixando o Cruzeiro por problemas que vivi lá dentro, recebi justamente uma ligação dele. Eu estava sem clube, e foi a primeira proposta que apareceu.
Sempre vi o Red Bull Bragantino como uma grande oportunidade, especialmente para atletas como eu, que ainda estavam ganhando espaço no profissional. O Thiago me ligou, conversamos rapidamente e aceitei o desafio. Logo no meu primeiro ano, chegamos à final da Copa Sul-Americana, em 2021.
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Naquela época, o time vinha de uma ótima campanha no Brasileirão de 2020, com o Claudinho sendo o craque do campeonato Eu sabia que seria difícil me adaptar de imediato, até porque o clube não teve pausa por conta da Covid, e eu vinha de um período de 45 dias parado. Foi difícil no começo, mas consegui encontrar meu espaço.
Tenho o maior respeito pelo Red Bull Bragantino. Fui muito bem recebido pela cidade e pelas pessoas. Hoje, inclusive, tenho alguns imóveis em Bragança Paulista e acompanho o clube com muito carinho, independentemente de estar jogando ou não. Foi o time que me deu a oportunidade de disputar uma final de Sul-Americana e realizar o sonho de jogar uma Libertadores, algo que eu carregava desde criança.
Posso dizer que o Bragantino abriu as portas do futebol para mim. Foi lá que tive minha primeira experiência real de Série A, enfrentando grandes equipes do futebol brasileiro e vivendo momentos marcantes.
O único sentimento amargo que ficou é o de não ter conquistado um título. Batemos na trave em alguns momentos, como na final do Paulista. Mas isso faz parte do futebol. Tenho certeza de que o Bragantino ainda vai conquistar muitos títulos.”
Posteriormente, você foi vendido ao Al-Wahda. Muitos acham que o futebol dos Emirados Árabes é pouco competitivo e só é atrativo por causa do dinheiro. Qual era sua impressão do futebol do país e como você enxerga a competitividade do país hoje?
“Por incrível que pareça, eu achava a mesma coisa. A gente que não tem essa experiência de vivenciar o futebol dos Emirados, esse lado da Ásia, pensa que quem vem para cá está vindo curtir férias. Mas é o contrário — aqui é trabalho.
Claro que há uma adaptação. Pra mim, foi difícil nos três, quatro primeiros meses, por causa da mudança de clima e do estilo de jogo, que é totalmente diferente do Brasil. É uma liga com atletas de diversas nacionalidades, muitos que já jogaram em diversos clubes mundiais, e isso agrega muito, deixa a competição ainda mais forte.
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No nosso time tem um cara que eu considero o ponto-chave da equipe, que realmente deu equilíbrio ao grupo: o Tadić (ex-Ajax e seleção sérvia). Dispensa comentários. A gente fica muito feliz de ter ele com a gente, e o crescimento da equipe passa muito pela chegada dele.
Quando eu estava no Brasil, também pensava que vir para uma liga como a dos Emirados seria quase como tirar férias. Mas é totalmente diferente do que a gente imagina. Tem muitos times bons, jogadores de alto nível.
Querendo ou não, é uma liga que te dá visibilidade. A competição é muito boa, as equipes são fortes. Se você olhar os sete, oito primeiros colocados, são times que brigam sempre por título.
É difícil também na Liga dos Campeões da Ásia, que te dá a oportunidade de encontrar jogadores como Fabinho e Verratti. Caras que a gente cresceu jogando no videogame e hoje estou do outro lado, enfrentando eles.
Para mim, é um momento da vida que nem sei explicar. Estou vivendo e quero aproveitar ao máximo. Estou muito feliz de vestir essa camisa e de ver o clube em ótima fase. Desde a minha chegada, estamos em uma invencibilidade muito boa — já são 30 jogos. Este ano, todo mundo já está entendendo que estamos buscando nossos objetivos e queremos colocar o Al-Wahda no patamar que ele merece.”
O Al-Wahda vive um momento histórico, com uma invencibilidade de 30 jogos. Além disso, você ainda não perdeu na equipe. Como está sendo viver essa ótima fase?
“Creio que estou vivendo um dos meus melhores momentos no futebol. Ainda é cedo para dizer isso, até porque tenho 24 anos, mas já tenho muitos jogos no futebol brasileiro, então, querendo ou não, tenho alguma experiência.
Sair do Brasil e vir para o futebol árabe é uma experiência enorme. Além disso, viver esse momento também que nunca tinha vivido: uma sequência de invencibilidade, jogando em um clube que briga por títulos e está vivo em quatro competições, indo muito bem inclusive na Liga dos Campeões Asiática, que é o campeonato mais difícil.
Desde a chegada do treinador José Morais, um português, tudo ficou mais fácil. Ele me ajudou bastante na adaptação, me deu moral e reconhecimento para que eu possa evoluir tanto dentro quanto fora de campo.
A chegada do Tadic foi a ‘cereja do bolo’. Muita gente pensa que, por ter 35 anos, ele veio para curtir férias, mas é o contrário: é um líder no dia a dia, cobra, incentiva e tira o melhor de todos. É um cara que trabalha muito, e eu tenho me espelhado muito nele.
A equipe encaixou e está indo muito bem. A gente pretende manter essa invencibilidade, mesmo sabendo que é difícil. Vários jogadores estão sendo convocados para as Eliminatórias da Copa do Mundo, o que às vezes atrapalha um pouco.
No sábado (dia 15) temos um jogo muito difícil, pelas quartas de final da Copa, e vamos precisar de todo o grupo. Alguns jogadores estão machucados, outros têm feito funções diferentes das suas, mas isso mostra o quanto o elenco está focado em crescer e vencer.
Independente da posição, todo mundo está feliz e trabalhando muito duro no dia a dia para colocar o nome do Al-Wahda no topo e encerrar esse jejum de 15 anos sem título da liga — e, quem sabe, conquistar também os outros campeonatos que estamos disputando.”

Vemos muitos brasileiros que fazem carreira nos Emirados Árabes, se naturalizam e defendem a seleção do país. Pensa em seguir uma trajetória parecida?
“A gente sabe que representar o nosso país é um sonho para qualquer jogador. É claro que toda a família quer ver você vestindo a camisa amarelinha da seleção brasileira. Mas sabemos que a competição é muito grande, ainda mais jogando em uma liga diferente da maioria dos convocados.
Quando o Al-Wahda entrou em contato comigo, nossa primeira conversa e o planejamento foram justamente baseados nisso: seleção dos Emirados Árabes. Foi um processo que me deixou muito seguro. Foi uma oferta que me deixou muito feliz, porque é um clube que oferece toda a estrutura para evoluir e disputar grandes campeonatos.
Não vou dizer que descarto, até porque estou vivendo um momento muito bom aqui. Muitos brasileiros que já passaram por essa liga sentem saudade, porque aqui é um país muito seguro, tranquilo, e as pessoas são sempre prestativas, mesmo com a barreira da língua. No início foi difícil por não falar inglês, mas agora já estou estudando e entendendo muito mais.
Os torcedores são apaixonados, cobram, querem vencer, é um pedaço do Brasil mesmo. Eles vivem o futebol intensamente. Posso dizer que nunca recebi um carinho tão grande em nenhum outro clube quanto recebo da torcida do Al-Wahda. É uma torcida gigante, que te apoia no dia a dia.
Hoje já sou mais reconhecido, as pessoas me param na rua, e isso mostra o quanto estou adaptado e feliz por vestir essa camisa. Minha família também está muito contente. Tenho mais dois anos e meio de contrato, e, se o clube quiser conversar sobre renovação, vamos analisar. E se for para renovar e seguir com essa projeção de vestir a camisa da seleção dos Emirados, seria ótimo.
Como falei, o sonho de qualquer jogador é vestir a camisa da seleção brasileira, mas a gente sabe o quanto é difícil. Então, se um país está te acolhendo, cuidando da sua família e te dando as mesmas condições que o Brasil te oferece, é justo viver isso ao máximo.
Quero coroar essa passagem com títulos e gols, e, acima de tudo, o mais importante é a família estar bem — e, estando todos felizes e adaptados, o resto acontece naturalmente.”
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