Exclusiva com Alexsandro, da Seleção, que relembra saída do Flamengo: “Momento mais difícil da minha vida”
Alex, Alexsandro ou Lequinho, para os mais íntimos, é uma das principais novidades da seleção brasileira sob comando de Carlo Ancelotti. Cria da comunidade de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, o zagueiro de 26 anos teve sua primeira convocação em junho, e logo foi titular nos dois primeiros jogos.
Atualmente no Lille, da França, Alexsandro Ribeiro já passou por momentos de dificuldade no início da carreira e pensou em desistir de ser jogador de futebol. Em entrevista exclusiva ao 365Scores concedida na Granja Comary, em Teresópolis, o atleta contou que após a saída do Flamengo, com 17 anos, teve o “momento mais difícil da sua vida”.
“Eu jogava no Flamengo e quando veio a decisão de sair não imaginava que ia ser tão pesado para uma criança de 16, 17, anos. Foi o momento mais difícil da minha vida, passar um ano e meio sem clube, fazendo peneiras e testes. Em muitos momentos, voltava para o Rio com a mala vazia, sem esperança, querendo parar de jogar”, disse.
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Após quase dez anos, Alexsandro está na Seleção, chegou às oitavas de final da Champions League 2024/25 e recebeu proposta do Al-Nassr, da Arábia Saudita, na última janela de transferências. O presidente do Lille, contudo, não quis negociá-lo, mesmo com o zagueiro deixando claro que aceitaria a oferta.
“A única proposta que recebi foi do Al-Nassr, mas o presidente não liberou e disse que precisava de mim para esse ano. Eu falei com ele e deixei bem claro que não queria sair, mas também não queria ficar, ia depender dele. Não ia arrumar briga pela gratidão que eu tenho por ele e a oportunidade que me deu. Foi tranquilo entre aspas porque sabemos que Arábia é uma proposta muito tentadora”, revelou.
Alexsandro Ribeiro ficou no banco de reservas na vitória em cima do Chile, no Maracanã, e está à disposição de Carlo Ancelotti para a última rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo, contra a Bolívia, em La Paz, na terça-feira (9).
Veja outras respostas de Alexsandro Ribeiro ao 365Scores:
Início difícil na carreira e pensamento de desistir
“Quando vi que através do futebol poderia mudar a vida da minha família, agarrei essa oportunidade. Sabia que de onde eu vim era extremamente difícil, mas pus na minha mente que poderia acontecer”.
“Eu coloquei em prática, comecei a me destacar no futebol, saí de dentro da minha favela, que foi o principal ter saído daquela bolha, e as coisas foram acontecendo… Cheguei no Bonsucesso, depois fui para o Flamengo, saí do Flamengo, fiquei um ano e meio sem clube.”
“Fazia avaliações, testes, peneiras, e foi desafiador, mas foi algo que me lapidou, me fez ver claramente como era o futebol e me fez crescer como homem. Depois, tive a oportunidade de ir para a Europa e as coisas deram certo.”
“Eu jogava no Flamengo e quando veio a decisão de sair não imaginava que ia ser tão pesado para uma criança de 16, 17, anos. Mentalmente, teve um turbilhão de coisas, muitos altos e baixos, mas no final tive pessoas para me aconselhar e me reerguer no momento que eu mais precisava.”
“Foi o momento mais difícil da minha vida, passar um ano e meio sem clube, fazendo peneiras e testes. Em muitos momentos, voltava para o Rio com a mala vazia, sem esperança, querendo parar de jogar, e depois eu chegava em casa e via meus irmãos passando aquela dificuldade.”
“Meus amigos falavam: ‘Cara, você não pode parar pela sua família, por nós também que temos esse sonho’. Eles sabiam que eu tinha condição de chegar no alto nível que cheguei hoje. Foi inevitável não pensar em desistir, mas com as pessoas certas vão fazer valer realizar seu sonho.”
Emoção da família pela convocação
“Minha família se bobear até hoje não acredita. Ontem (sábado), eles estavam aqui do lado de todos os jogadores, tirando fotos, uma perspectiva totalmente diferente que viam na televisão. Todos espantados, minha irmã se tremendo…”
“Paquetá era a sensação, minhas irmãs falaram: ‘Ai, ele é muito humilde’. Paquetá gosta de brincar, e meu irmão brincou com ele: ‘Jogou aonde, Paquetá?’. Para minha família, jamais eles iam sentir algo do tipo, foi inexplicável na minha primeira convocação.”
Momento bom na carreira e vitória sobre o Real Madrid na Champions
“Há cinco anos atrás, eu jogava a terceira divisão (de Portugal) e eu jamais ia imaginar estar aqui na Seleção, classificado e nomeado para ir para a Copa do Mundo.”
“É algo surreal, mas é dedicação, acreditar sempre, buscar diariamente… Chegando na França, tudo ficou mais claro. No primeiro ano, fiz 24 jogos, vindo da segunda divisão. No segundo ano, disputamos Conference League e me destaquei. Depois, no terceiro ano, com Champions League e batendo no Real Madrid, Atlético…”
“Cara, é o Real Madrid, mas desde o primeiro toque na bola a confiança que cada um passava para o outro era de vencer, e quando apita o final do jogo e 1 a 0 todo mundo sabia que fizemos história. Ficamos entre os sete primeiros, classificamos muito bem. Jamais vou esquecer.”
Proposta do Al-Nassr, de Cristiano Ronaldo
“A única que eu recebi foi do Al-Nassr, mas o presidente não liberou e disse que precisava de mim para esse ano. Eu falei com ele e deixei bem claro que não queria sair, mas também não queria ficar, ia depender dele. Não ia arrumar briga pela gratidão que eu tenho por ele e a oportunidade que me deu. Foi tranquilo entre aspas porque sabemos que Arábia é uma proposta muito tentador.”
“Imagina ele (Cristiano Ronaldo) me ligando, mas não, nenhum português. Se ele me liga, aí a parada ia ser outra (risos).”
Gratidão pela confiança de Ancelotti
“O cara com a grandeza do Ancelotti vai buscar um jogador conhecido no Lille. Ele depositou uma confiança imensa em mim, me pôs para jogar logo de cara, algo que nunca vi, para falar a verdade.”
“Agarrei a oportunidade, como todas as outras na minha vida, dei meu melhor dentro de campo para poder ajudar e fazer a Seleção chegar onde era o objetivo.”
“No primeiro jogo, fui o destaque e dei uma impressão para os torcedores e treinador. E mostrei não ser sorte no segundo jogo, sendo um dos destaques mais uma vez. Agradeço muito a confiança que ele depositou em mim.”
Pressão na primeira convocação e ideia de jogo de Ancelotti
“Mesmo que eu não tenha jogado (contra a Argentina), foi doído. Eu venho com essa pressão, do Brasil em uma situação complicada e um 4 a 1 nas costas. Meu foco é ser mais forte defensivamente, não só a defesa mas também o pessoal da frente.”
“O Ancelotti fala em ter um time unido, seja para atacar ou defender, organização, time compacto… Ele deu essa ideia para a gente e estamos indo bem. São três jogos, nenhum gol sofrido e poucas bolas chegam na nossa área.”
Marquinhos
“Eu só via ele pela TV e agora estar aqui, trabalhar com ele, é pouquinho difícil porque é uma referência para mim. Como que vou chegar para ele e tentar orientar? Mas ele me dá toda a liberdade para conversar e orientar. Ele é um líder dentro de campo, nos ajuda muito, tenho um carinho imenso e me ajuda muito desde que cheguei.”
Trote pela primeira convocação na Seleção
“Meu trote foi doído, tive até que ir no psicólogo, o Casemiro acabou com a minha mente. Foi engraçado, mas ao mesmo tempo foi dolorido. Eu cantei aquela música ‘Davi’, do Ferrugem. O trote mais engraçado foi do Estêvão, porque os caras botaram ele para falar inglês.”
Expectativa para a temporada 2025/26
“Tem um ano cheio, se Deus quiser quero conquistar muitas coisas com o Lille, mas pensando a longo prazo é a Copa do Mundo, é inevitável. Eu penso sempre no momento, e agora é ir na Bolívia e ganhar lá, depois voltar para o Lille e conquistar alguma coisa.”
Jogador mais difícil que enfrentou
“Dembélé lá na França. Eu tive pesadelos com aquele aquele cara várias vezes. É surreal, vai muito rápido. Vocês têm noção da televisão, pessoalmente é pior ainda, assustador. E se ele estiver mal, tem Barcola, Doué, os caras são sinistros.”
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