Cuca explica condenação por estupro em apresentação no Corinthians: “Sou totalmente inocente”
Na tarde desta sexta-feira (21), o treinador Cuca foi apresentado pelo Corinthians como novo comandante da equipe. Já na primeira pergunta da coletiva, o técnico teve que explicar sobre a polêmica da condenação por estupro em 1989.
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“Esse é um tema delicado, pessoal, mas faço questão de falar sobre ele e tentar ser o mais aberto possível. É um tema que aconteceu há 30 anos atrás, era emprestado ao Grêmio, tenho uma vaga lembrança sobre tudo. Nessa lembrança, tinha 23 anos, íamos jogar uma partida, apareceu uma menina num quarto duplo que estávamos, em formato de “L”, eu e mais três jogadores. Essa foi minha participação. Sou totalmente inocente, eu não fiz nada. As pessoas falaram que houve um estupro, houve um ato sexual com um vulnerável”, iniciou o treinador.
“A gente vê um monte de coisas, inventadas, chegam a ofender. Vou fazer 60 anos, tenho duas filhas, venho de uma casa que só tinha eu de homem, respeitei e respeito todas as mulheres, nunca encostei um dedo. Vocês que acompanham, estive em vários clubes, nunca foi me questionado isso em uma coletiva. Não é só o Cuca que não falou do tema, daquele tempo, as leis eram as mesmas”, continuou
“Se comete um estupro, vai pegar uma pena de anos. Meu erro não foi ter me defendido, eu nem tinha dinheiro para me defender e nem soube que fui condenado. Por três vezes estive lá para averiguação, ela esteve lá, não é que ela não reconheceu, o rapaz não estava. Se a vítima fala que eu não estava e ela também, como eu posso ser condenado pela internet, que julga e pune. Sei que o mundo mudou, e está melhor, com a mulher com autodefesa muito maior e tem que ser maior”, afirmou, Cuca.
“Tem repórteres que eu já discuti. Por que eu devo uma desculpa para a sociedade se eu não fiz nada? dois anos depois fui jogar do lado, em Valladolid. Nunca teve consequência nenhuma, passaram 37 anos, a causa evoluiu e eu quero abraçar, até em defesa da minha família.
“Uma vez me chamaram para fazer um podcast sobre isso, sei que amanhã no jornal vão descer a lenha de novo, falando que não disse a verdade. Busque o que é a verdade, estou aberto ao diálogo, é um tema difícil, igual falei com as minhas filhas sobre. Eu não vou parar de trabalhar por causa disso, um assunto inexistente, não existe mais processo, o erro foi não ter falado em 97, 2007, 2017. Mas muitas vezes não foi levantado pela imprensa. Hoje as coisas mudaram, e estamos falando desse tema. Fui claro?”, encerrou.
“Ia fazer o quê?”
“Eu não tenho lembranças, juro por Deus. Se eu pudesse fazer algo diferente, mas era um pia, um menino, um tiquinho emprestado pelo Juventude, para a grandeza do Grêmio. Eu ficava no meio cantinho, ia fazer o quê? Eu não vi nada. Eu estava louco para jogar contra o Benfica, minha primeira meia hora jogando. Até como uma dica, que devo deixar, para as pessoas tomarem cuidado com a vida, às vezes uma atitude errada custa mais para a vítima, deixa uma sequela, mas para quem faz também fica. Depois não tem como voltar, basta ver o que está acontecendo hoje em outros casos”, contou Cuca.
Por que não foi para a Suíça se defender?
“Eu tinha 23 anos, era quebrado, não tinha dinheiro para ir daqui para Porto Alegre. Hoje, se fosse hoje, ia me favorecer muito, porque ia ouvir a moça, “não, não estava” três vezes, e eu estaria absolvido. Não há nada mais absoluto do que a vida da vitima. Se fosse hoje, eu iria lá, não mandaria advogado. Nem sabia que teve julgamento. Menino, no Grêmio, jogando, aquilo era enorme para mim. Depois de um ano que eu soube disso ai. Naquele tempo, não era tratado como hoje. Graças a Deus hoje é tratado de uma forma mais dura como tem que ser. Se fosse hoje, eu estaria absolvido. Se eu pudesse, teria ido lá e falado mais desse caso. Como falaram que quem cala consente. Eu não queria citar um tema que estava morto, mas me incomoda, como incomoda muitas mulheres”, explicou.
Protesto antes de apresentação de Cuca
Antes mesmo da coletiva de apresentação do treinador, cerca de 50 torcedores protestaram em frente ao CT Joaquim Grava. Faixas foram penduradas com os dizeres “Fora Cuca”, “Respeita as minas???”, “Não estuprem o Corinthians” e “Time do Povo”.
Os protestos são por uma condenação que o treinador sofreu ainda como jogador junto com três jogadores do Grêmio em 1989, sob a acusação de terem estuprado uma menina de 13 anos, em Berna, na Suíça.
Cuca nega ter envolvimento no crime e não foi reconhecido pela vitima em questão, mas dois anos depois foram condenados a 15 meses de prisão por atentado ao pudor com uso de violência.


