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Crescimento da presença feminina nos estádios vem acompanhado de desafios

Se até os anos 1990 os estádios brasileiros eram considerados um território quase totalmente masculino, o cenário aos poucos foi mudando, com o crescimento da presença feminina. Está cada vez mais normal ver mulheres ocupando assentos dos estádios de futebol do Brasil e do mundo.

No entanto, elas ainda apresentam alguns receios, e parte desse público, de uma forma ou de outra, resiste em assistir jogos presencialmente.

De acordo com o estudo “Mulheres & Futebol”, do projeto W.LAb em 2024, apenas uma a cada três mulheres frequenta estádios corriqueiramente. A principal justificativa (cerca de 40% das respostas ao estudo) das que optam por não ir é a falta de segurança nesse ambiente. Outro fator que também pesa é o valor dos ingressos.

Para Jéssica Nogueira, integrante do podcast “Resenha São-Paulina”, a convivência nos estádios mudou com o passar dos anos. Na visão da torcedora tricolor, o impacto das redes sociais acabou ajudando.

“Melhorou bastante (o ambiente). Mas redes sociais também ajudaram, porque hoje muitos homens têm medo de serem expostos. Não acho que eles melhoraram por estarem mais educados, mas sim por medo de câmeras”, opinou a torcedora.

Companheira de Jéssica no podcast, Thayná Moura relata que passou por uma situação muito desagradável enquanto entrava no Morumbis para acompanhar um clássico. O que veio junto foi um sentimento de impotência.

“Nesse dia estava muito cheio, e o sistema de segurança não controlou a entrada dos torcedores em blocos (feminino e masculino), deixaram todo mundo entrar de uma vez. Eu não consegui chegar à fila das mulheres e fiquei de costas na fila geral. Nesse momento, alguém passou a mão em mim”.

“Quando me virei, não consegui identificar quem foi, e por conta da muvuca acabei entrando no estádio. Isso me gerou desconforto e medo, porque eu sempre me senti segura”, relembrou Thayná.

Thayná (primeira à esquerda) e Jéssica (terceira) com amigas no Morumbis – Arquivo pessoal

“Também já presenciei meninas relatando que passaram a mão nelas, o que é desgastante, porque sozinha não consigo fazer nada, e a sensação de impunidade é muito grande. Nessas horas, não adianta reclamar para ninguém”, completou Jéssica.

Política contra a violência a mulheres nos estádios

Há uma movimentação também na política para que o ambiente de estádios de futebol seja mais confortável para elas. Em maio deste ano, o Senado aprovou um projeto (PL 4.842/2023) que cria uma campanha permanente contra a violência às mulheres nos estádios.

O projeto determina que clubes tenham que veicular mensagens educativas nos telões, alto-falantes, ingressos e materiais de divulgação em todos os eventos com mais de 10 mil espectadores. Estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou um aumento de 23,7% nas ameaças e até 25,9% nas lesões corporais dolosas em dias de jogo, motivação para a criação desse PL.

Foto: Rafael Ribeiro/CBF

O PL altera a Lei nº 14.448, de 9 de setembro de 2022, para instituir campanha permanente de conscientização em arenas esportivas e respectivas transmissões dos eventos para a prevenção e o enfrentamento da violência contra a mulher.

São Paulo terá o apoio delas na Libertadores

O São Paulo entra em campo nesta quinta-feira (25), no seu jogo mais importante do ano até aqui. Diante da LDU, às 19h (de Brasília), no Morumbis, o Tricolor terá que escalar uma montanha para reverter o placar construído na ida pelos adversários.

Em Quito, pelo primeiro jogo das quartas de final da Libertadores, os equatorianos fizeram bom proveito da altitude e venceram por 2 a 0. Com isso, o time paulista terá que devolver a diferença para levar a decisão para os pênaltis ou vencer por três gols para ir direto à semifinal do torneio continental.

Jéssica e suas companheiras do podcast, assim como milhares de torcedores e torcedoras tricolores, estarão presentes no Morumbis para incentivar seu time.

As meninas se encontrarão antes da partida para fazer o famoso “esquenta” e depois seguirão para o estádio com um único foco: torcer e vibrar pelo São Paulo como torcedoras fanáticas que são.

SP Por Todas

O movimento SP por Todas do Governo do Estado de São Paulo levanta uma bandeira para chamar a atenção da sociedade para a proteção e o cuidado às mulheres. O objetivo é ampliar a visibilidade das políticas públicas do estado para mulheres, bem como a rede de proteção, acolhimento e autonomia profissional e financeira exclusivamente disponíveis para elas.

O movimento reúne diversas iniciativas, como o aplicativo SP Mulher Segura, que permite registrar boletins de ocorrência e dispõe de um botão do pânico para acionar a polícia caso o agressor se aproxime; a Cabine Lilás, que oferece acolhimento e atendimento especializado pelo 190; e a rede de abrigos para mulheres em situação de risco, ampliada em 35% desde o início da atual gestão.

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