DellFutebol Brasileiro365 Entrevista

Entrevista exclusiva: Dell, o ‘Haaland do Sertão’, mira o Manchester City e revela início como goleiro

O apelido é portentoso: “Haaland do Sertão. A alcunha carrega a semelhança física e o faro de gol do astro norueguês, mas Dell, atacante de 17 anos do Bahia, trabalha duro para fazer jus a ela. Destaque e artilheiro do Brasil no Mundial Sub-17 com cinco gols, a promessa tricolor já possui uma multa rescisória de 87 milhões de euros (cerca de R$ 551 milhões).

O desempenho chamou a atenção do Grupo City, dono do Manchester City — onde atua o Haaland original —, aumentando os rumores de uma transferência, especialmente após o clube inglês interagir com sua ‘versão brasileira’ nas redes sociais.

Do gol ao ataque: a trajetória de superação de Dell

A trajetória do atacante do Bahia é marcada por contrastes e superação. Quem o vê hoje brigando por espaço no elenco profissional e sonhando com o Manchester City, talvez não imagine que sua carreira começou debaixo das traves.

A transição para o ataque foi certeira, mas a vida fora de campo não foi fácil. Aprovado em um teste no Bahia, Dell trocou Aracaju por Salvador e viveu de favor, dividindo uma pequena quitinete — “apenas um vão e um corredor” — com uma amiga de sua mãe.

Hoje, o garoto já pode sonhar alto. Com chances nos profissionais do Bahia, com um lugar na seleção brasileira e com uma ida ao Manchester City. Mas não apenas para conhecer Haaland:

“O sonho é grande, né? Penso muito em jogar lá“, avisa ele.

Confira a entrevista exclusiva de Dell ao 365Scores:

Impossível não começar perguntando sobre o apelido de Haaland do Sertão. Você sabe quando isso começou, quem deu esse apelido? E o que acha dele?

“Quem me chamou de “Haaland do Sertão” foi a Nação Tricolor, né? Eu marcava os gols e a torcida do Bahia ficava no comentário: ‘Ah, Haaland, o novo Haaland do Sertão, e tal, parece com ele’.

E eu sou muito fã dele. Fora de campo agora, que eu consigo acompanhar mais pelo canal de YouTube dele, e dentro também, né? Os posicionamento dele, as jogadas dentro da área, as movimentações.”

Dell imita comemoração de Haaland
Foto: Nelson Terme/CBF

O Haaland é o seu principal ídolo no futebol? Em quem mais você se espelha? Alguma influência brasileira?

“Ah, com certeza, né? O Haaland é um dos meus ídolos máximos do futebol mundial. Pelas características e também por ser aquele 9 que faz muito gol. Além de acompanhar bastante ele, eu gosto de acompanhar o Marcos Leonardo e agora o Vitor Roque.

Agora no Brasil, jogando no Palmeiras, eu consigo acompanhar mais ele, sabe? Consigo me identificar um pouco. Pela altura, também pela força e alguns posicionamentos.”

Como foi receber aquele vídeo do Haaland te chamando para ir a Manchester? Está marcada essa viagem?

“Foi uma surpresa bastante incrível. Eu estava acabando de sair do treino e o pessoal do marketing do Bahia, me chamou e me mostrou o vídeo assim, eu fiquei surpreso, sabe? Era algo que eu não esperava.

E o convite está marcado sim. Só estou vendo o pessoal do Bahia para marcar lá, para ver um jogo e tirar essa foto, né? E ganhar uma camisa autografada, né? Para deixar guardada de lembrança.”

Como foi sua infância em Estância? Quando e como foi a mudança para Salvador, para jogar na base do Bahia?

“Na verdade, eu só nasci em Estância (cidade de cerca de 65 mil habitantes em Sergipe), mas vivi minha vida toda em Aracaju. Saí com 13 anos para Salvador. Vim fazer um teste de uma semana e, graças a Deus, eu passei. E eu fiquei morando de favor numa casa de amiga da minha mãe.

Aí depois eu morei em outra casa de amiga da minha mãe. E depois, quando completei 14 anos, eu fiquei alojado. Então não foi fácil a minha vida. Muitos pensam que foi fácil, mas não foi.

Sabe, dividir uma quitinete com a mulher e a filha dela. Apenas um vão e um corredor, entendeu? Mas agradeço muito a Deus por tudo que ele me proporcionou. Foi bom ter passado por isso, para aprendizado.

Dell jogando pelo Bahia
Foto: Letícia Martins/EC Bahia

Sempre quis ser atacante? Quando criança, se espelhava em qual jogador? Gostava de ver qual time jogar?

“Para ser bem sincero, eu comecei como goleiro, né? Criancinha, pequenininha, acho que eu tinha uns 5, 6 anos. Só que aí aos 8, eu comecei a jogar mais na linha, lá no condomínio onde eu jogava com as crianças.

E aí eu vi que era aquilo mesmo que eu gostava, de ser atacante, de fazer gol, de ir para cima. E eu gostava muito do Barcelona. É, aquela fase também, não tem como não gostar, né?

Do trio MSN (Messi, Suárez e Neymar). Acompanhava muito Messi. Era bastante fã. Tinha camisa, short, até chuteira mesmo, personalizada do Messi.”

Você desponta como um dos grandes nomes entre os atacantes de base no país. Qual o objetivo para 2026? Imagina receber mais chances no time de cima do Bahia? Rogério Ceni já falou com você sobre isso?

A expectativa está bem alta, né? De firmar os dois pés no profissional, depois desse grande Mundial (sub-17). E que em 2026 eu consiga fazer muitos jogos, muitos gols também, assistências. Acho que o passo mais importante é firmar os dois pés no profissional.”

A seleção brasileira principal é um sonho? Já pensa nisso?

“Ah, a gente sempre pensa, né? No maior sonho, que é chegar numa seleção principal, disputar a Copa do Mundo também, a gente sonha. Mas eu acho que o primeiro passo é se firmar no profissional do Bahia e ir evoluindo e crescendo cada vez mais e, quem sabe, aparecer uma chance e aproveitar ela.”

Dell sonha em jogar no Manchester City
Foto: Nelson Terme/CBF

E as notícias e rumores de um interesse do Grupo City, o que chega até você? Gostaria de jogar no Manchester?

“O sonho é grande, né? Penso muito em jogar lá, no profissional. Hoje para mim é o melhor clube do mundo. Sabe, está disputando sempre em nível alto e estar no nível alto é bom, né? Você disputa com outros grandes jogadores, fora que o time do City também tem muitos grandes jogadores também. É um sonho.”

🏆 Dell no Mundial Sub-17: Raio-X

Estatística 📊Desempenho 🔥
🏟️ Jogos8
⚽ Gols5
🥅 Chutes no Gol9
👟 Total de Chutes11
⭐ Nota Média (365Scores)7.9

Renato de Alexandrino

Editor-chefe do 365Scores. Jornalista formado na PUC-RS, com mais de 30 anos de experiência em redações. Cobriu in loco as Copas do Mundo de 2010, 2014 e 2018, e as Olimpíadas de 2016. Apaixonado por futebol, surfe e NBA, entre outros esportes.

364 Articles

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo